Wednesday, April 10, 2013

Fechar o círculo

Porque me sinto prestes a sufocar em mim?
A sufocar neste círculo de tortura constante,
violando a cada momento a esperança que outrora crescia?
Sonho acordada, vejo-me no belo leito da morte,
vejo-a a sugar-me a cada dia e excita-me.
Porque todos choram e questionam a minha sorte?
Matei a minha vida, e libertei-me de tudo o que me prendia.

Sonhei com a morte

Esta noite, fechei os olhos e sonhei com a morte.
Todas as noites, fecho os olhos e sou inundada de pensamentos,
pensamentos insanos: tortura, sangue e violação
de pessoas cheias de nada.
Corpos vivos, deambulantes, mas pessoas vazias,
com mentes imundas, deturpadas, sem discernimento.
Quero abri-las ao meio e enchê-las de palavras nas vísceras.


Este nervoso crescente a percorrer-me o corpo,
não é novo, mas sinto-o como uma criança.
Traz-me memórias de outros tempos;
Como se carregasse o peso de um segredo infinito,
que me corrói até ao tutano, que me injecta medo na alma.
Destrói-me secretamente aos olhos de todos,
este nervoso crescente a percorrer-me o corpo.

O frio que gela

A brisa fresca entra, passa por mim,
mas não me envolve, nem me acaricia.
O frio já é de mim, meu;
invade-me o corpo e fica, expande-se a cada dia.
Ao invés das entranhas quentes,
resta apenas o frio que gela, de mim, meu.

Tuesday, April 9, 2013

A escuridão abateu-se sobre mim

E assim, a escuridão abateu-se sobre mim, mais uma vez.
Com a esperança morta, a felicidade desolada
O vazio apodera-se;
A sede de viver seca e não me deixa nada.

A Menina

"(...)Num momento de desvario poderia pegar-te nos braços, torcê-los, como à roupa lavada para lhe tirar a água, ou parti-los ruidosamente, como a dois ramos secos, e depois fazer-tos comer, à força. Poderia, segurando-te a cabeça entre as mãos, com ar caricioso e doce, enterrar-te os dedos ávidos nos lóbulos do teu cérebro inocente, para daí extrair, sorriso nos lábios, um unto eficaz que me lave os olhos doridos pela eterna insónia da vida.
Poderia, cosendo-te as pálpebras com uma agulha, privar-te do espectáculo do universo e pôr-te assim na impossibilidade de encontrares o teu caminho - não serei eu a servir-te de guia!
Poderia, erguendo o teu corpo virgem com braço de ferro, agarrar-te pelas pernas, fazer-te girar à minha volta, como uma funda, concentrar as forças na última circunferência, e lançar-te contra um muro."

A Menina - Isidore Ducasse/ Adolfo Luxúria Canibal